Pernambuco pagará operação de redefinição sexual para transexual

De mulher, achava que tinha só o corpo. Sempre se sentiu menino e nunca brincou de boneca. Gostava de carrinhos e brinquedos dos garotos. Só não entendia o por quê. Ao crescer, o desconforto aumentou. Hoje, aos 45 anos e com nome masculino, o professor de educação física Alexandre Emanuel se prepara para realizar seu sonho: ser um homem completo. Ele será submetido a cirurgia para a construção de um pênis, conforme decisão judicial inédita em Pernambuco, que obriga o estado a custear as despesas, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, já que no estado não há hospital que faça a cirurgia que ele pleiteia.

Quem olha para Alexandre, vê um homem: ele tem voz grossa, barba cerrada e gestual masculino, transformação que conseguiu a duras penas, para fazer face às suas necessidades físicas e psicológicas. Desde que descobriu sua sexualidade, submeteu-se a tratamento hormonal e fez cirurgia para retirar ovários e útero. A operação foi realizada em 2004, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco. Mudou de gênero de direito, mas não de fato. Assumiu nova identidade, após longa batalha na Justiça. Em 2007, já tinha nome masculino, mas seu corpo trazia a marca feminina.

Na semana passada, o juiz da 4ª Vara da Fazenda do estado Marcus Vinícius NonatoRabelo determinou que o estado custeie as despesas para submeter o paciente a uma metoidioplastia. O governo estadual, que pode recorrer, ainda não se pronunciou. Segundo a Procuradoria do Estado, até as 14h30m de ontem, o Palácio do Campo das Princesas não havia sido notificado.

A metoidioplastia combina tratamento à base de hormônios (para desenvolver o clitóris) e cirurgia. Depois, o órgão feminino estendido é transformado em pênis, ganhando autonomia de movimento. A uretra será prolongada com tecido extraído da vagina. Emanuel poderá urinar em pé e ter ereção. Já os testículos serão constituídos com tecidos dos grandes lábios vaginais, que envolverão próteses de silicone.

R$ 40 mil mais remédios A decisão judicial obriga o estado a bancar as despesas com a cirurgia, avaliadas em R$ 40 mil, além de remédios:

"Quero namorar uma mulher heterossexual, ter uma família, quem sabe adotar filhos". O caso de Emanuel é o primeiro de um transexual masculino no estado que procura a Justiça para fazer redefinição sexual.

"Nunca me senti gay nem homossexual. Vivi um tempo muito nublado" contou.

O magistrado invocou o “constrangimento que o autor suporta todos os dias, sustentando aparência masculina, inclusive com mudança de nome e sexo em sua documentação, porém ainda possuindo genitália feminina, impedindo-o de ter vida social normal”.

"Felizmente, o juiz entendeu que Alexandre enfrentava transtornos diários" disse a defensora pública Nathália Jambo.

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