“Isso é um absurdo”, afirmou. Porque, disse, o Brasil é um país de cultura pluralista cuja Constituição é laica. “E os homossexuais não estão tendo o direito de viverem de maneira laica, no Estado laico.”
Ele também lamentou que lideranças evangélicas estejam usando a democracia para “legislar não em nome do povo, mas contra o povo, contra a pluralidade". “O país tem de frear esse movimento que se assemelha ao nazismo.”
O pastor reconheceu que o cristianismo nunca soube lidar com a sexualidade, corporeidade, prazer e sedução, o que explica a sua sexofobia. “Tudo isso sempre foi muito problemático na história do cristianismo.”
Para contornar essa limitação, disse o pastor, o cristianismo defende o casamento e o sexo apenas com a função de procriar.
Ocorre que o relacionamento homossexual não permite essa sublimação, afirmou, colocando em xeque, portanto, toda a moralidade cristã, ao mesmo tempo em que a contemporaneidade liberou o prazer sexual, com o advento dos contraceptivos. E essa liberação proporciona a busca do prazer pelo prazer, “independentemente da vontade divina e da sacramentalização da família”.
Cabral argumentou que o ápice do cristianismo são as revelações de Jesus, e nas quais não há nada que condene a homossexualidade.
Por isso ele criticou os pastores que fazem uma leitura seletiva da Bíblia com o objetivo de perseguir os homossexuais. Argumentou que nem tudo o que está Bíblica deve ser seguido, como matar quem não usa barba ou quem come crustáceos ou ainda manter a mulher confinada em seu período de menstruação.
“Não me consta que haja pastor que faça isso com a sua mulher.”
“Esses trechos da Bíblia estão justamente ao lado dos trechos que faltam contra a homossexualidade.”
O pastor afirmou que não entende como uma pessoa que, por causa dahomossexualidade, persegue amigos, filhos e parentes pode dizer que tem uma profunda fé em Cristo.
"Esses evangélicos são intolerantes", disse, "porque querem impor a sua tradição religiosa a todos, em um país plural e democrático".
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