Avon retira livros da editora de Silas Malafaia do seu novo catálogo


No início do mês de Abril, ativistas LGBT independentes, reunidos em um grupo no facebook, iniciaram um abaixo-assinado para que a a Avon deixasse de revender qualquer livro da Editora Central Gospel, cujo dono é o pastor Silas Malafaia, que se auto-intitula aparentemente com muito orgulho do título de inimigo público número um do movimento LGBT brasileiro.
Em meados do segundo semestre de 2011 já havia notícias da compra de um lote de 400 mil livros da Editora Central Gospel por parte da Avon. Ativistas LGBTs iniciaram a manifestaçãoapós constatarem pessoalmente que tais livros realmente estavam sendo comercializados nos catálogos da empresa, paralelamente ao lançamento, pela Editora Central Gospel, de um livro explicitamente homofóbico e sem base científica alguma, denominado “A Estratégia: Os planos dos homossexuais para transformar a sociedade”, cujo autor, um pastor norte-americano, envolvia-se com esquemas de corrupção ao mesmo tempo em que fazia sua cruzada contra os direitos LGBTs.
Os protestos contra a revenda de tais livros pela Avon se espalharam pelas redes sociais na medida em que as respostas individuais dadas pela empresa via e-mail aos ativistas LGBT eram padronizadas e insatisfatórias, o que levou a Avon a emitir uma nota no seu facebook sobre o “respeito á diversidade” da empresa, informando que a empresa estava avaliando as ponderações recebidas e buscando a melhor solução para seguir atendendo nossos consumidores com base em nossos valores.
Enquanto tal avaliação era realizada e a solução não era apresentada, o protesto ganhava adesão internacional e repercussão na imprensa nacional, com direito a uma brilhante resposta do editorial da revista Carta Capital aos ataques infundados do Pastor Silas Malafaia enviados diretamente à revista.
Após toda essa organização, manifestação e repercussão, a Avon divulgou  dia 13/06/12 o seu novo folheto “Moda e Casa” –  Campanha  12/2012 – e, ao verificar a seção “Livraria”, nota-se que não há mais nenhum livro da Editora Central Gospel sendo revendido nesta atual campanha, como era revendido até a campanha anterior.
A Avon ainda não emitiu nenhuma nota se posicionando oficialmente e esclarecendo formalmente os motivos que levaram a retirada dos livros da Editora Central Gospel do seu atual catálogo e campanha, nem se tal retirada é provisória ou definitiva. Esperamos que tal comunicado seja feito, devido à proporção que o caso tomou e em respeito a todos os seus clientes, sejam eles simpatizantes da causa LGBT ou não.
Até que a Avon dê um pronunciamento final e encerre este caso, parabenizamos pontualmente a multinacional por retirar do seu catálogo livros de uma editora cujo dono utiliza parte do que arrecada financeiramente para promover e financiar uma campanha de ódio contra os direitos da população LGBT brasileira.
Parabenizamos também a cada um, ativista LGBT e simpatizante, que acreditou e ajudou de alguma forma a levar adiante essa campanha de boicote e alerta à Avon que, diferente de livrarias tradicionais, é reconhecida internacionalmente como uma empresa pró-LGBT.
Para encerrar, aos críticos à campanha de boicote, deixo uma transcrição de parte de um brilhante texto do jornalista e ativista Luiz Henrique:

“Este é um boicote para que uma empresa cuja matriz é considerada pró-LGBT pare de oferecer nacionalmente o portfólio de um líder evangélico cujas ações rotineiras são a de um ativista antigay. De um senhor que disse, para o jornal mais importante do mundo: eu sou o inimigo número 1 do movimento gay brasileiro. Porque ele usa este dinheiro para barrar a cidadania LGBT. Porque ele usa este dinheiro para transmitir programas em que ataca o movimento LGBT brasileiro em rede nacional aberta. Porque ele usa este dinheiro para viajar (de jatinho) para quantas audiências e seminários quiser no Congresso Nacional. Porque, afinal, ele usa este dinheiro para fortalecer ainda mais seu lobby anti-LGBT nas duas Casas Legislativas deste país e mesmo no Executivo Federal.
Se estas razões não são suficientes para alguém que ou é ativista LGBT ou se considera um aliado combater esta pessoa, penso que seja necessário rever o que é ser homofóbico e o que não é –independentemente do que ele tenha escrito nos livros.”

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