
“Nós ficamos tristes com isso. Eu realmente tenho planos de me casar, porque de fato, temos uma família. Somos nós duas e meus filhos, que consideram minha companheira como sua segunda mãe”, lamenta.
A advogada, que mora na cidade de Cali, no sul do país, vive com Ana Maria desde que seus filhos (fruto de uma união heterossexual anterior) eram pequenos. Ela conta que quando começaram a se relacionar a filha Nathalia tinha quatro anos de idade e o caçula, Juan José, apenas um ano.
“Ela sempre esteve comigo, nos momentos difíceis da infância das crianças, e sempre tem estado. Tanto que eles também sonham com o nosso casamento. Apesar dessa derrota, a luta continua. Não é fácil, diariamente enfrentamos preconceito. Mas seguimos lutando. Só queremos igualdade de direitos”, disse.
Mudança constitucional
A decisão que poderia favorecer os casais do mesmo sexo colombianos seria eliminar da definição legal de matrimônio a expressão “união de um homem e uma mulher”.
Em vez de decidir, o tribunal resolveu enviar a petição ao Congresso com o argumento de que a Câmara e o Senado devem “superar o estado de omissão legislativa” sobre a união homoafetiva. Para isso, os magistrados deram um prazo de dois anos para que a matéria seja analisada, até 20 de julho de 2013.
"Nós ficamos tristes com isso (decisão da corte de enviar a decisão sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo ao Congresso colombiano). Eu realmente tenho planos de me casar, porque de fato, temos uma família. Somos nós duas e meus filhos, que consideram minha companheira como sua segunda mãe"
Stella Pinzón, que há oito anos mantém união estável com Ana Maria Hernandez
Embora o código civil colombiano já reconheça desde 2010 a possibilidade de união entre duas pessoas, a Constituição de 1991 mantém, em seu artigo 42, a definição de que o casamento nasce da vontade entre um homem e uma mulher.
É a segunda vez que a Corte Constitucional julga o pedido de liberação do casamento. No ano passado a decisão foi adiada sob o argumento de que o processo necessitava ser melhor formulado. O mesmo tribunal autorizou no início deste ano a união civil estável.
Pressão contrária
Ativistas do movimento LGBT acreditam que a decisão foi enviada ao Congresso por pressão das igrejas (católica e evangélica) e dos partidos políticos.
“A comunidade eclesiástica sabe que, na atual configuração legislativa, conseguir a aprovação no Congresso será mais difícil. Os conservadores têm muita força, e há muitos parlamentares ligados à igreja”, explica o ativista Maurício Garcés.
O tema divide até mesmo a base aliada do presidente Juan Manuel Santos. Os conservadores batalham contra. Já os liberais se declaram favoráveis ao lado do Polo Democrático Alternativo (atual oposição).
Os liberais defendem o matrimônio, e alguns vão além. O líder do partido na Câmara, Guillermo Rivera, disse antes da votação no Tribunal que vai lutar até mesmo pela adoção feita por pessoas do mesmo sexo. “Os casais homossexuais devem alcançar a igualdade de direitos”, opinou.
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