“Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?”

Num outro canto da cidade Mauro tomava um conhaque e brindava bem alto fazendo questão que todos escutassem. Brindava a todos que sofreram por paixões e mesmo assim encontravam forças para sempre tentar. Medo nunca foi um empecilho para ele. Ninguém lhe dizia o que era certo ou errado. Desde cedo sabia o que queria e do que gostava e como gostava. E eram vários tipos de garotos e era tão boêmia a sua vida.


Eduardo e Mauro trocaram telefone. Mauro telefonou e resolveram se encontrar. Eduardo estava tão envergonhado que aceitou o convite para tentar pedir desculpas e não lembrava muito daquela noite. Pensou até em desmarcar. Estava cansado de ter encontros e os caras sumirem no dia seguinte. Foi assim que iniciou sua vida sexual. Não tinha amigos gays e seus pais? Sobre os pais dele vocês já sabem. Então começou a entrar em salas de bate papo, marcava encontros e assim conheceu diversos tipos de cara, altos, magros, gordos, velhos, efeminados, casados. E quando chegava a marcar encontros eram sempre desastrosos. Às vezes achava que tinha achado o namorado ideal.Era tudo perfeito saiam, conversavam e até ficavam e no dia seguinte, no famoso dia seguinte o cara sumia sem deixar rastro. Essas coisas acabaram o fazendo desacreditar, foi assim com o carinha por quem tomou o porre. 3 Meses de papo, juras e mais juras, quatro encontros e mais juras, acabaram transando mas como contos de fada estão longe de existir.O cara só queria sexo e não sumiu como os outros avisou por SMS que não o ligasse mais. Se nada dava certo porque então arriscar? Por isso sugeriu uma lanchonete mas Mauro queria ver filme do Almodóvar.

Mauro não tinha conseguido parar de pensar no garoto bêbado e desde... nunca tinha se interessado assim por alguém e principalmente por quem não tinha chegado a trocar algumas palavras. Como diria Chico, ele o comia com olhos de comer fotografia. Sempre foi prático. Se queria um cara ia lá e conseguia, nunca se prendeu a rótulos, preconceitos ou qualquer coisa do tipo e foi assim quando um belo dia chegou em casa e disse aos pais que era gay. Atitude era seu forte e seus pais não hesitaram em o acolher. E aquele garoto, o atrapalhado e bêbado o dava um frio na barriga, uma vontade de aventurar-se, uma saudade daquela idade.
E então se encontraram no Parque da Cidade. Mauro de moto e Eduardo de bike . Conversaram, trocaram impressões e o dia estava tão lindo que Eduardo achou melhor não comentar que Mauro pintava o cabelo.


E eles sabiam que tinham que ter cuidado não queriam se ferir. A faculdade tomava todo o tempo de Mauro enquanto o cursinho e a escola tiravam o sono de Eduardo. E nesse meio tempo iam teclando, conversando e esperando o quer que fosse não crescer.

“E, mesmo com tudo diferente veio mesmo, de repente uma vontade de se ver. E os dois se encontravam todo dia e a vontade crescia como tinha de ser.”
Eduardo e Mauro faziam várias coisas juntos como qualquer casal. E as coisas fluíam como nunca antes. Trocavam experiências diversas, eram como Bonnie & Clyde, Dolce & Gabbana , Ellen Degeneres & Portia de Rossi , Saint Laurent & Bergé nada podia abalar. Mauro se formou no mesmo ano em que Eduardo passou no vestibular. E dois comemoram, se empolgaram e para o pai de Eduardo exageram quando flagrou seu filho aos beijos no portão. As coisas ficaram um pouco complicadas e resolveram que o garoto deveria se tratar. O puseram na terapia, na igreja e só faltaram exorcizar. O pai o levava para faculdade e proibiu que os dois pudessem se encontrar. De vez em quando se viam na faculdade mas, os plantões de Mauro o impediram de ir lá. E eles sofriam pois essa situação não podia continuar .

Eduardo sabia que estava nas suas mãos ou enfrentava seus pais ou perderia o namorado já que Mauro estava cansado de esperar uma atitude. E oito meses se passaram e nada disso mudar. E numa noite chuvosa a gota d’gua chegou quando seu pai o chamou de “bichinha” no jantar. E ele passou a se questionar o porquê de ter agüentado tanto. Pais deveriam apoiar os filhos em todas as decisões ou na maioria delas, nunca feri-los mas muitos o fazem e essas cicatrizes nunca fecham. Saiu sem pegar nada, ligou para Mauro mas, não conseguia falar. Se sentia burro, idiota por ter se afastado de quem amava. O maior erro não tinha sido da sua família e sim dele que nunca havia tomado uma atitude porque tinha medo e receio do que os outros iriam pensar.

Quando amanheceu foi correndo ver o Mauro pois precisava se desculpar e foi nessa data 23 de setembro que as coisas começaram a desandar. Na mesa da sala viu coisas de alguém que ele não conseguiu assimilar. Subiu ao quarto foi tirar satisfações. Mauro acordou atordoado mas conseguia mentir com o olhar. E Eduardo respirou fundo e apenas perguntou porque? Por que tudo aquilo? Onde estava o amor? E o para sempre tinha acabado? Poderia ter sido com qualquer um mas porque com ela?

Mauro tentou explicar e chorou. E assumiu ter sido fraco, de ter recorrido a uma noite de sexo com Mônica sua colega de hospital. Queria experimentar e acabou acontecendo. Pediu perdão, pôs a culpa em Eduardo o ter deixado sozinho. Gritou que era homem e tinha instinto e que se ele o amava tinha que perdoar. Mas que perdão é esse? Que amor é esse que faz a carência o matar?


As boates se tornaram a nova casa de Mauro por um tempo, depois foi perdendo a vontade e focando no trabalho. Quase ninguém o via fora do hospital. Alguns dizem que a noite quando os pacientes dormiam podia-se ouvi-lo chorando pelos corredores do hospital. Outros dizem que ele não dorme se não for com tranqüilizantes.



Eduardo e Mauro se olharam e eram dois estranhos. Como podem duas pessoas que se amaram tanto e tiveram uma história se perderem assim? Em que parte do caminho haviam se perdido? Os dois se faziam a mesma pergunta. Em 2 segundos os dois começaram a gritar e Eduardo foi para cima de Mauro começando a lhe bater. Os gritos, murros não eram mais que mágoas e começaram a aparecer e antes que alguém pudesse interceder. O improvável tão provável dessa história realmente começou a aparecer.

Eduardo e Mauro se atracaram, se xingaram, se beijaram e me contaram que foi um folk folk folk sem parar. Estão morando juntos tem dois anos atras e estão pensando em se casar na Argentina. Batalharam, se esforçaram e seguraram a barra mais pesada que tiveram. Os pais de Eduardo dizem que não tem mais filho mas, o garoto que hoje é homem tem sua própria família e estão tentando adotar uma criança.

E eles brigam, se divertem, sentem, riem, sofrem, gritam, acordam de mau humor, sentem ciúmes, pedem carinho, fazem mimo, saem juntos, dormem agarradinhos, dividem as tarefas, ligam para saber se o outro está bem, dão flores, jantam juntos, fazem planos, são eternos namorados, compartilham sonhos, dão sentido a vida e sobretudo se amam muito.

“E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
que não existe razão?”
que não existe razão?”
Essa não foi a história do casal mais famoso do país mas, foi uma história de amor escondida como tantas outras por aí , como tantos casais que não podem mostrar o que sentem em público e que lutam para cada dia estarem mais próximos superando as dificuldades
Estes são Eduardo e Mauro mas, poderiam ser Hernanny e Cesar , Ilã e Bruno, Diogo e Val , Denny e Alexandre , Hick e Fabio , Ricky Martin e Carlos González, Toni Reis e David Ian, João Batista Júnior e Thiago Soliva , Wescley e Valdinisdei , Guilhermy e Yuri , Clara e Rafaela , Patricia e Luiza, Miguel e Marcio , Heracton e Yon Muniz, Max e Ju , Rodrigo e Luciano , Thiago e Ricardo ,Renan e Natalie , Andre Xavier e Caroline , Karla e Dirce , Rafael e Gabriel, Fatima e Priscila , Renato Russo e Robert Scott, Eduardo e Monica, Guto e Ele e Eu e Você .
Que seja eterno enquanto dure e que dure enquanto haja amor! E que todos os dias sejam dia dos namorados. Tricotei!
Fonte: Gay 1
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